Atualmente só estou trabalhando com fabricação de cavaquinhos e ukulelês e não estou mais aceitando nenhum tipo de serviço de conserto e regulagem.
Agradeço a todos pela compreensão.
WhatsApp: (51) 98122-9381
Há alguns meses projetei e fabriquei essa pequena lixadeira de cinta para a minha oficina, resolvi gravar o processo e colocar no youtube, segue o vídeo, espero que vocês gostem:
Em 2013 a pedido de um cliente, transformei a escala de
temperamento padrão 12 TET de um violão para uma escala microtonal de
temperamento 31 TET com 50 trastes: https://www.joelsonluthier.com.br/2013/09/violao-eagle-transformacao-de-escala.html
Em seguida fiz em outro violão a modificação para 19 TET e 31
trastes: https://www.joelsonluthier.com.br/2014/11/violao-tanglewood-transformacao-de.html
Por fim uma escala microtonal 29 TET e 29 trastes:https://www.joelsonluthier.com.br/2015/10/transformacao-da-escala-de-um-violao.html
Em meus estudos sobre os sistemas de afinação descobri que existe muito
mais complexidade em querer um instrumento totalmente afinado, não somente
pelos cálculos matemáticos mas por diversos fatores como massa da corda,
frequência, madeira e até pela força exercida pelas mãos do músico contra as
cordas. Quanto mais perfeição buscamos em um sistema de afinação mais nos
deparamos com severos obstáculos.
A seguir farei um simples e pequeno resumo (pequeno mesmo, pois é
um assunto para muitas páginas) sobre microtonalismo e os sistemas de afinação.
A sigla (em inglês)“TET” (Tone Equal Temperament) significa “Tom de
igual temperamento”, também podemos nos referir como “ET” (Equal Temperament)
que significa ”Igual temperamento” ou ainda “EDO” (Equal Division of
Octave) ” Igual divisão de oitava”.
Antes de entrarmos no microtonalismo propriamente
dito, precisamos falar sobre a nossa escala temperada atual 12 TET,
para que você possa compreender melhor o sistema microtonal que explicarei mais
para frente.
A música é matemática.
O matemático e físico belga Simon Stevin (1548-
1620) criou o temperamento (temos que também destacar os estudos do matemático
e músico chinês Zhu Zaiyu por
volta da mesma época que também desenvolveu um sistema temperado, além de
centenas de outros estudiosos que desenvolveram outros sistemas que tornaram
possíveis os cálculos e estudos de Simon Stevin).
Antes da escala temperada a maioria dos músicos usava a escala
pitagórica criada pelo matemático grego Pitágoras (sec. 6
a.C.) e que deu as primeiras regras para a música, Pitágoras descobriu a
oitava, e desenvolveu seus estudos a partir daí, criando a escala Diatônica com
sete notas (cinco com intervalos de tons e duas com intervalos de semitons) Dó,
Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, ficando a repetição como sendo a primeira nota só
que mais aguda, chamada de oitava, por ser a oitava nota da sequência.
Mas a afinação pitagórica tinha alguns problemas pois usando as quintas
justas não se encontrava uma nota correspondente ao ciclo de
oitavas, e isso comprometia a execução musical. Outro problema na
escala Pitagórica é a relação entre as frequências de seus tons e semitons, a
soma entre dois semitons não coincidia com a frequência de um tom. Ainda nas
quintas havia um problema em uma delas que soava tão mal que foi apelidada de
"a quinta do lobo", pois diziam que o som desta nota uivava de
maneira incômoda.
Uma maneira de atenuar esses problemas foi criar a escala Cromática, que
consiste em dividir a oitava em doze semitons. A escala cromática melhorou a
afinação mas ainda não conseguia resolver alguns problemas, a partir daí os
matemáticos viram a necessidade do temperamento.
O temperamento
O problema complexo da desafinação com as soluções matemáticas iniciais
com números racionais tirou o sono de matemáticos e músicos por muito tempo,
até que cálculos mais avançados com números irracionais propuseram uma melhor
solução para desafinação, estes cálculos não resolviam completamente o
problema, é verdade, mas aproximava do “totalmente aceitável”, permitindo mais
consonância entre as tonalidades, esse novo cálculo se chamou “temperamento”.
O temperamento consiste em ajustar a escala cromática sem que haja
prejuízo na execução das músicas, é uma busca de sons que possam ser ajustados
a pura afinação proposta pela série natural de harmônicos de um som, sendo
assim nosso sistema temperado de 12 sons, é apenas uma aproximação ou
desafinação da série de harmônicos para alcançar a igualdade de semitom.
No período barroco encontramos a escala mesotônica, que era temperada
mas com modulações restritas . Já no século XVIII encontramos as escalas “bem
temperadas” que possibilitavam o uso de todas as tonalidades, mas
por serem desiguais tínhamos uma distribuição própria de intervalos em cada
tonalidade fazendo uma variação do grau de consonância e dissonância de cada
tonalidade. Sendo assim, o que era mais próximo de Dó maior acabava tendo
sonoridade mais consonante.
No século XIX os temperamentos passam a ser menos desiguais por causa da
prática de modulações para tonalidades cada vez mais distantes, isso gerou uma
padronização do temperamento que possibilitou a modulação para todos os tons,
sendo que todos os tons passaram a ter a mesma distribuição
intervalar, estava criado o temperamento igual (TET).
A esses intervalos foi atribuído o valor de 100 centésimos, isso para
facilitar alguns cálculos.
Ajustar os 12 sons (TET) em uma oitava já se mostrou ao longo dos
séculos para matemáticos e músicos ser algo muito difícil, pois a oitava é
imutável, ela é como um fenômeno da natureza, ela simplesmente existe, no
entanto não somos limitados na maneira de dividir os sons dentro de uma oitava.
O que é o microtonalismo?
O microtonalismo é uma divisão múltipla dos sons da oitava, ou seja, ao
invés de ficarmos no valor de 100 centésimos atribuídos para um
intervalo de semitom da divisão 12 TET, nós o reduzimos para um número qualquer
para aumentar os sons dentro de uma oitava, por exemplo, se reduzirmos os 100
centésimos para 60 centésimos, então teremos 20 sons (20 divisões)
dentro da oitava pois 100/60X12= 20
Obviamente que estou fazendo uma explicação simplória, qualquer redução
dos centésimos precisa ser estudada para estabelecer sua real necessidade de
existir, seguem algumas escalas microtonais que já foram estudadas e executadas
por alguns estudiosos do sistema:
15 TET, 17 TET, 19 TET, 22 TET, 23 TET, 24 TET, 27 TET, 31 TET, 41 TET,
53 TET, 72 TET, 96 TET, essas três últimas já ficam complicadas de serem
aplicadas em uma escala de violão, fica completamente inviável para executar
devido a pequena distância entre os trastes. Se você olhou para alguma escala
acima e quer saber para quantos centésimo ela foi reduzida é simples, digamos
que você queira saber por exemplo a escala 15 TET, é só fazer a seguinte conta:
100x12/15= 80. Então a escala 15 TET teve o centésimo reduzido para 80.
Teoricamente uma escala microtonal afinaria melhor que a nossa escala
padrão 12 TET, porque você teria melhores possibilidades de encontrar a nota
mais adequada na hora de montar um acorde, mas na prática é um pouco diferente
porque nosso cérebro está acostumado com o sistema 12 TET e algumas notas
microtonais nos soam como desafinadas.
Obs: existe também o macrotonalismo, mas esse sistema não é muito falado
porque normalmente ele já existe dentro dos sistemas microtonais e possui
poucos sons na oitava. O macrotonalismo é um aumento dos centésimos para
reduzir o número de sons dentro de uma oitava, por exemplo, se você aumenta o
valor de 100 para 400 centésimos, teríamos apenas três sons por oitavas já que
100/400x12= 3.
Temos que lembrar que os estudos sobre microtonalismo continuam
atualmente pelo mundo, eu destaco os excelentes estudos do turco Tolgahan
Çoğulu (https://www.microtonalguitar.org/) que
faz incríveis instrumentos microtonais de trastes móveis além de projetos
acadêmicos sobre microtonalismo.
E aqui na América do Sul, mais precisamente em Lima no Peru, temos um
outro estudo bem interessante que é o sistema heptadecafônico (17 TET)
desenvolvido pelo peruano Charles Loli Antequera (http://microtonalismo.blogspot.com/).
REFERÊNCIAS:
Dê uma olhada também nesses links se você desejar se aprofundar mais
nesses sistemas de afinação:
https://www.wikiwand.com/es/Microtonalismo
https://www.apocatastasis.com/microtonalismo-afinaciones-alternativas.php
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000102005000100016&script=sci_arttext
https://www.revistas.ufg.br/musica/article/view/45333/22445
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4475160/mod_resource/content/1/matematica_musica.pdf
https://cic.unb.br/~lcmm/mus/am1/a17/a17.html
https://www.iar.unicamp.br/wp-content/uploads/2021/07/V2_ED04_A5_Histtemperamentomusical.pdf
https://en.wikipedia.org/wiki/Zhu_Zaiyu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Simon_Stevin
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pit%C3%A1goras
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Hoje vou mostrar um pouco da marchetaria que uso nas rosetas(mosaico) dos meus instrumentos. Existem centenas de técnicas e maneiras de se fazer uma roseta, você pode fabricá-las fora do tampo ou diretamente nele. A marchetaria usada também é algo de combinações e técnicas variadas, usando vários tipos de materiais como: madeira, pvc, madrepérola, etc
Como eu disse nos posts anteriores nesta cigar box guitar eu resolvi fazer minha própria caixa ao invés de usar uma caixa de charutos para fazer o corpo. Isso é bem legal porque algumas vezes você não encontra um tamanho ideal em algumas caixas de charutos.
Essa é uma das Cigar box guitar que fabriquei há alguns anos, é um instrumento relativamente fácil de fazer e muito legal de tocar, eu fiz algumas para alguns clientes e em breve vou postar aqui.
Um ukulelê soprano que fabriquei recentemente.
E-book 300 Dicas de luteria |